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Rãs galáxia em risco de extinção devido a práticas fotográficas antiéticas

Cientistas da Sociedade Zoológica de Londres alertam para o possível desaparecimento das rãs galáxia de Querala, na Índia.

RTP /
Herpetology Notes

Os resultados constam de um estudo publicado esta quarta-feira na revista científica Herpetology Notes.

As Melanobatrachus indicus, nome científico das rãs galáxia, são endémicas das florestas do sul da Cordelheira dos Gates Ocidentais, da Índia, mais concretamente da floresta tropical de Querala. Trata-se de pequenos anfíbios, do tamanho da ponta de um dedo e que se caracterizam pelas suas manchas reluzentes, usadas como forma de comunicação entre os espécimes.

É a “única representante” da sua subfamília no reino animal e está classificada como “vulnerável” pela Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza, desde2020.O seu habitat a ser conquistado por explorações agrícolas de café e chá.


Se uma investigação feita pelos autores do estudo em 2020 dava conta da existência de sete espécimes debaixo de “troncos caídos incrustados na serapilheira”, as buscas efetuadas em 2021 e 2022 não detetaram a presença de rãs galáxia na floresta.

Ao jornal britânico The Guardian, o investigador Rajkumar KP alerta para a destruição do micro-habitat destes animais. Um dos troncos estava “completamente destruído e fora do lugar” e a vegetação estava “pisada”.
Alerta para os perigos da prática fotográfica desregulada

De acordo com vigilantes locais, “grupos de quatro a seis fotógrafos visitaram o local” em várias ocasiões, entre junho de 2020 e abril de 2021. Tiraram fotografias com flash e tocaram nos espécimes encontrados para serem levados para locais mais “fotogénicos, como musgos e troncos”.Numa das ocasiões, juntaram cinco espécimes, sendo que as visitas podem ter resultado na morte de dois deles, algo não confirmado pelo estudo. Cada sessão fotográfica durava cerca de quatro horas.


Apesar de tentarem impedir a entrada destes grupos, os fotógrafos utilizavam autorizações oficiais para terem acesso aos habitats protegidos.

Tendo em conta que estes animais respiram pela pele, que é ultrassensível, o estudo aponta para o perigo de dessecação dos corpos dos espécimes decorrente do uso de flashs e de transmissão de doenças provocado pela ausência de uso de luvas na captura dos animais.

O incidente chama a atenção para os riscos do turismo fotográfico desregulado, de acordo com Rajkumar, que coloca em causa espécies vulneráveis e a preservação dos seus habitats, assim como provoca alterações de comportamento dos animais e até a sua morte.

O estudo propõe medidas para “promover” práticas de fotografia de natureza “mais éticas”, como a inclusão de “conhecimento das práticas éticas na fotografia de vida selvagem para o procedimento de seleção de guias licenciados” pelo Ministério do Turismo e a elaboração de um código de ética que inclua “restringir a captura, manuseamento e perseguição” dos espécimes, assim como a minimização do uso de “luzes de alta intensidade”.

Também é proposta a penalização dos fotógrafos que não cumpram as medidas.

As restrições à fotografia na Índia não são inéditas, existindo já proibições na fotografia durante as épocas de acasalamento e de ninhos durantes competições fotográficas.
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